Você já se pegou perdido no meio das vozes na sua cabeça? Sem saber qual delas escutar e sem conseguir se concentrar? Ou talvez já tenha sido surpreendido por aqueles famosos “pensamentos intrusivos” que surgem do nada?
Pois bem, este artigo é sobre isso: quem são essas vozes, quem é você no meio delas e o mais importante, como lidar com tudo isso para viver de forma mais leve e equilibrada.
Você Não É as Vozes da Sua Cabeça
Antes de mais nada, precisamos nos perguntar: quem somos nós diante dessa multidão de pensamentos? A resposta pode ser mais simples do que parece: você NÃO é as vozes da sua cabeça.
Imagine sua mente como um teatro, onde há diversos personagens no palco, cada um representando uma dessas vozes. Mas você não é nenhum deles. Você é o espectador. Você é a consciência que observa. E, mais do que isso, você tem o poder de decidir quais vozes merecem atenção e quais devem ser apenas figurantes na sua história.
O Que São as Vozes da Nossa Cabeça?
Gostaria de deixar claro aqui que o diálogo interno é completamente normal e saudável, e não “coisa de louco” como muitos pensam. O que chamamos de “vozes da nossa cabeça” é, na verdade, um processo complexo do cérebro, que envolve áreas como o hipocampo (memórias) e o sistema límbico (emoções). Em resumo, essas vozes são formadas pela nossa interpretação do mundo com base no que aprendemos enquanto vivemos.
Com isso, podemos tirar duas lições importantes:
- Se aprendemos a pensar de determinada forma, podemos também desaprender e reconstruir esse padrão mental para algo que faça mais sentido para você.
- Muitas vezes sentimos que ninguém realmente nos conhece, pois ninguém enxerga o turbilhão de vozes que ecoa dentro de nós. A verdade é que, na maioria das vezes, nem nós mesmos sabemos quem realmente somos. Esse distanciamento pode nos fazer sentir isolados, mas a chave para quebrar essa barreira é lembrar que somos seres humanos e todos enfrentam seus próprios diálogos internos, mesmo que não falem sobre isso.
Agora, sobre quem realmente somos, como expliquei anteriormente: somos a consciência que observa essas vozes e temos o poder de controlá-las. Para isto, o primeiro passo é identificá-las.
Quais São as Vozes da Nossa Cabeça?
As vozes que ouvimos dentro da nossa mente são extremamente singulares, já que são moldadas por nossas próprias perspectivas. No entanto, como seres humanos, costumamos compartilhar alguns padrões. Aqui estão algumas das vozes mais comuns:
👤 O Crítico Interno
Busca nos manter em alerta para evitar erros, mas pode acabar nos paralisando com julgamentos excessivos.
Aquela voz sempre pronta para nos julgar: “Eu poderia ter feito melhor…”, “Por que eu não tentei diferente?”, “Eu nunca sou bom o suficiente…” Para lidar com essa voz, é preciso aprender a questioná-la, ao invés de aceitá-la como verdade absoluta.
😨 A Voz do Medo
Seu objetivo é nos proteger do desconhecido e de possíveis perigos, mas muitas vezes acaba nos limitando a famosa “zona de conforto”.
O famoso “E se…?”: “E se eu fracassar?”, “E se der tudo errado?” O medo, por si só, não é um inimigo. Ele é um mecanismo de defesa essencial para nossa sobrevivência. O segredo está em analisar se ele representa uma ameaça real ou apenas um receio irracional.
🔥 A Voz do Incentivador
Essa voz deseja que exploremos nosso potencial e nos lembra que também existe a possibilidade de dar certo.
É aquela voz que diz: “E se der certo?” Ela nos convida a enxergar possibilidades e acreditar em nós mesmos. Embora muitas vezes seja abafada pelo crítico interno ou pela autocobrança, dar mais espaço para essa voz pode nos levar a enxergar oportunidades onde antes só víamos obstáculos. Afinal, e se realmente der certo?
👀 A Voz da Sociedade
Está em busca de aprovação e pertencimento, muitas vezes nos fazendo priorizar expectativas externas em vez da nossa própria verdade.
O famoso “O que os outros vão pensar?” surge para nos proteger do julgamento e do isolamento, mantendo-nos dentro das expectativas sociais, mas será que essa voz realmente sabe o que é melhor para você ou apenas ecoa padrões que foram impostos?
⚖️ A Voz da Autocobrança
Diferente do crítico interno, que aponta falhas, essa voz está sempre nos cobrando a fazer mais, ser mais e alcançar mais. No entanto, pode se tornar sufocante quando nunca nos permite descansar.
Sempre exigindo mais: “Eu preciso ser melhor.”, “Ainda não fiz o suficiente.”, “Eu poderia, deveria…” Quando equilibrada, nos motiva a evoluir. Mas, quando excessiva, nos faz sentir que nunca somos bons o bastante, levando à exaustão.
🤷 A Voz da Passividade
Evita assumir responsabilidades e se coloca à mercê das situações, muitas vezes em busca de atenção e validação externa.
É aquela voz que diz: ‘É sempre assim comigo…’, ‘Ninguém me entende…’, ‘Eu não tenho escolha…’, aprisionando-nos em uma bolha, incapazes de enxergar nossas próprias potencialidades. O segredo para lidar com esta voz é encontrarmos em nós a atenção que buscamos no exterior.
Quais Vozes Devemos Ouvir?
Apesar de existirem muitas outras vozes, e cada uma ter sua devida importância vamos falar sobre algumas que merecem um pouco mais de atenção pois podem se tornar nossas aliadas durante o processo de autoconhecimento:
🧒 Nossa Criança Interior
Eu gosto de pensar que minha criança interior mora em um cantinho, seja no meu coração ou na minha mente, sempre lá, quietinha, esperando por atenção. Às vezes, quando ela tenta se expressar, sua voz se perde no barulho dos pensamentos adultos, e ela se sente perdida em meio a tantas responsabilidades.
Essa criança anseia por ser ouvida e acolhida, pois é ela quem molda nossa percepção do mundo. Reconhecer sua voz nos ajuda a entender padrões de comportamento que influenciam nossas escolhas até hoje, permitindo-nos agir de forma mais autêntica.
🧠 A Voz da Consciência
Ela é aquela voz que pondera e reflete com base na razão, ajudando-nos a encontrar equilíbrio entre os sentimentos e a lógica. Sua sabedoria surge quando focamos no momento para analisarmos com atenção, trazendo clareza, para que possamos tomar decisões que realmente fazem sentido para nós.
🌌 A Voz de Algo Maior
Independente de sua crença, essa voz pode ser chamada de: voz de Deus, do universo, da inteligência infinita, do inconsciente coletivo ou até mesmo de intuição. O que importa é que existe uma força maior que transcende os seres humanos, e nossa conexão com esse poder começa em nossa mente. Quando nos permitimos focar e ouvir com atenção, podemos perceber essa voz nos orientando, trazendo a paz que excede todo o entendimento.
Como lidar com as vozes?
Uma vez li algo que fez muito sentido para mim: imagine que há um trono dentro da sua mente. Muitas vezes, deixamos que o crítico ou o medo dominem esse trono. O que precisamos fazer é reassumir o controle. Mas como fazer isso? Aqui estão alguns passos práticos:
1️⃣ Observe as vozes sem julgá-las. Apenas identifique-as, reconhecendo suas origens e suas intenções.
2️⃣ Questione a veracidade do que elas dizem. Essa voz está baseada em fatos ou em crenças que não fazem mais sentido para você?
3️⃣ Reavalie suas interpretações. Se seus pensamentos moldam suas vozes internas, mudar suas perspectivas pode transformar seu diálogo interno.
Então, fica aqui um convite para reflexão: o que você acredita te impulsiona ou te limita? Seus pensamentos te fazem bem ou te aprisionam?
4️⃣ Foque no presente. Nossa mente adora passear entre passado e futuro, no entanto, é no presente que temos o poder de agir e transformar nossa realidade.
O passado deve servir como aprendizado, uma referência para medir nossa evolução, mas não como uma previsão imutável do futuro. O futuro, por sua vez, carrega esperança e infinitas possibilidades. Portanto, concentre-se no aqui e agora, foque na sua zona de controle e faça o que está ao seu alcance neste momento.
Conclusão
Espero que, ao final deste texto, você tenha a clareza de que você não é as vozes da sua cabeça, que tem total controle sobre elas, e o mais importante: que elas não definem quem você é.
Eu não sei o que você está passando, mas sei que, de alguma forma, você aprendeu a ser assim — e isso significa que também pode desaprender e se refazer. Você não é ansioso ou deprimido, você está assim neste momento, e isso não precisa ser definitivo. Assim como tudo na natureza, estamos sempre em constante evolução.
O autoconhecimento é um processo, e se você chegou até aqui, já deu o primeiro passo. Espero que este artigo tenha sido útil para você! Caso queira companhia nessa jornada, me acompanhe no Instagram e YouTube.
Vamos juntos assumir o trono da nossa mente!
Até a próxima reflexão! 😉
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